sábado, 30 de janeiro de 2010

7ª SESSÃO TEMÁTICA- A1

Os textos programáticos e o discurso pedagógico oficial no plano da Língua Portuguesa e da Literatura.
 Análise crítica dos textos legais.
 Os Novos Programas de Língua Portuguesa:
a organização estrutural e sequencial das aprendizagens expressas no CNEB e nos referidos documentos.
 O discurso oficial e as práticas em torno da Língua Portuguesa:
possibilidades de interface.
 Produtos de aprendizagem da sessão;
 Transposições para as práticas lectivas;
 Propostas de trabalho

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

6ª SESSÃO TEMÁTICA - A1

Sumário :

O ENSINO DA LEITURA
- A emergência da leitura e da escrita e a relação com a educação pré-escolar.
-O ensino da decifração e o desenvolvimento da consciência fonológica.
-O ensino da leitura.
-A leitura em sala de aula e na biblioteca.
-Actividades de animação da leitura e a relação com o Plano Nacional de Leitura.
-A avaliação da leitura.



Contar Histórias na Sala de Aula

Ouvir histórias – um primeiro passo para dominar a leitura

Ouvir contar histórias na infância leva à interiorização de um mundo de enredos, perso¬nagens, situações, problemas e soluções, que proporcionam às crianças um enorme enri¬quecimento pessoal e contribui ainda para a formação de estruturas mentais que lhes permitirão compreender melhor e mais rapidamente não só as histórias escritas, mas também os acontecimentos do seu quotidiano.
Na época actual a maioria das crianças não tem oportunidade de ouvir histórias no seio familiar. Cabe ao jardim-de-infância e à escola assegurar que lhes não falte essa experiên¬cia tão enriquecedora e tão importante para a aprendizagem da leitura.
◗ Um bom contador de histórias tem que saber adaptar-se ao público. Esse ajuste é feito ao vivo, de uma forma rápida e quase imperceptível.
◗ Se a assistência se distrai, há que mudar o relato abreviando o enredo, introduzindo novas peripécias, criando suspense. Se a assistência se mostra fascinada, vale a pena prolongar o efeito e ir adiando o desfecho.
◗ A mesma narrativa terá que apresentar cambiantes conforme a idade das crianças e as características dos vários grupos.

Sugestões de actividades

◗ Conte sobretudo histórias que conheça bem e de que goste.
◗ Identifique previamente os acontecimentos chave para os apresentar de forma clara, nítida e sugestiva.
◗ Conte a história como se estivesse a vê-la desenrolar-se por cenas.
◗ Ensaie em casa, ao espelho, ou diante de pessoas que lhe possam dar um feed back.
◗ Observe as reacções das crianças enquanto conta a história para poder fazer os ajus¬tes necessários. Pode, por exemplo, aligeirar uma situação se as crianças estão assus¬tadas ou torná-la mais dramática para envolver emocionalmente os ouvintes.
◗ Sempre que possível envolva as crianças no relato.
◗ Se as crianças exigirem que torne a contar a mesma história, deve considerar que a actividade foi um êxito.

Como envolver as crianças no relato

◗ Pedir às crianças que:
• repitam frases;
• façam os gestos adequados para sublinharem a acção;
• emitam os sons que a história refere (vento, bater à porta, etc.).
◗ Suscitar antecipações, perguntando: O que é que acham que vai acontecer a seguir?
◗ Suscitar o reconto em grupo, sobretudo com os alunos mais velhos.

Como suscitar o reconto em grupo

◗ Um ou dois alunos ajudam o professor.
◗ A história vai sendo contada pelos alunos e o professor só interfere quando necessário.
◗ Os alunos contam a história em grupos de dois ajudando-se mutuamente.
◗ Uma turma conta a história a outra turma.
◗ Cada aluno escolhe o momento preferido e conta-o em pormenor acrescentando o que quiser.
◗ Os alunos são convidados a contar a história muito rapidamente e referindo apenas o essencial.

Ler Histórias Tradicionais na Sala de Aula

Na categoria de histórias tradicionais incluem-se as lendas, as fábulas, os mitos e os con¬tos populares. Todas estas histórias começaram por ser transmitidas oralmente, um dia foram registadas por escrito e, a partir de então, foram reescritas por muitos e variados autores, em prosa e em verso. Além de serem um poderoso suporte cultural e depositárias de conhecimentos, sabedoria, convicções, práticas sociais, juízos de valor, representam também os voos de imaginação de sucessivas gerações.
Se resistiram ao tempo e foram recontadas com as adaptações indispensáveis a cada época, foi porque encantam. E se encantam é porque contêm verdades intemporais acerca das características mais profundas do ser humano e das suas contradições.
As histórias tradicionais, que as crianças acolhem com agrado, devem ser abordadas o mais cedo possível.

Sugestões de actividades

Embora as histórias tradicionais sejam habitualmente bem acolhidas pelas crianças, o pro¬fessor deve verificar se a história, lenda, fábula ou mito que desejaria trabalhar com os seus alunos não foi já trabalhada em anos anteriores, pois ouvir contar várias vezes a mesma história pode ser aliciante, mas trabalhar sucessivamente o mesmo enredo torna-se facil¬mente fastidioso, provoca desinteresse e não estimula o progresso.
A partir de certa idade, a maioria dos alunos deseja ser surpreendida, deseja fazer desco¬bertas, aborrece-se ou desmobiliza ao repisar o que já sabe.
A maior parte das histórias tradicionais prima pela clareza e pela nitidez da estrutura narra¬tiva bem como pela definição das personagens. Não existindo grandes obstáculos à compre¬ensão, prestam-se à realização na aula de vários tipos de trabalhos.
Considere-se, no entanto, que muitas histórias tradicionais envolvem mensagens múltiplas e complexas, que têm suscitado por parte de analistas interpretações diversas, por vezes até contraditórias.
Mas junto das crianças, as histórias tradicionais valem pelo que contam. Propor a desco¬dificação das mensagens implícitas nas histórias tradicionais a crianças, ou mesmo a pré adolescentes que ainda não têm maturidade para esse tipo de análise, é desaconselhável pois só os fará aborrecer uma história que antes tinham apreciado.

Ler Histórias do Quotidiano na Sala de Aula

As histórias de ficção escritas de uma maneira realista e que apresentam situações do quoti¬diano têm em geral a intenção de sensibilizar para as questões que se colocam no relaciona¬mento entre as pessoas da mesma família, no seio de um grupo de amigos e em momentos de crise que desencadeiam sentimentos como perplexidade, susto, medo, ciúme, isolamento, insegurança, etc. Em alguns casos o autor deixa os dilemas em aberto, noutros casos tem a preocupação de veicular mensagens positivas.
A leitura de histórias deste género no ambiente da sala de aula pode contribuir para que os alunos tomem consciência e analisem problemas do dia a dia que os afectem pessoal¬mente ou que afectem outras pessoas, apurando a compreensão de si próprios e do mundo que os rodeia. A reflexão suscitada poderá ainda contribuir para que se tornem mais lúci¬dos e mais tolerantes.
No entanto, pode também acontecer que alguns dos alunos estejam a viver situações idên¬ticas e lhes pareça que estão a ser postos em cheque perante a turma, ou se sintam intima¬mente incomodados por reviver na aula problemas de que estão a tentar alhear-se. Se o professor suspeitar que corre este risco, será preferível escolher para a aula outro tipo de leitura.
Para que a leitura de histórias do quotidiano tenha efeitos positivos, o professor deve assegurar:
◗ que os alunos compreendem e aderem afectivamente ao enredo;
◗ que se interessam pelas situações vividas pelas personagens;
◗ que estão interessados em debater as questões que o texto levanta.

Ler Novelas Históricas na Sala de Aula

As novelas históricas destinadas a crianças ou a adolescentes envolvem muita acção e misté¬rio o que torna o enredo apelativo. De uma maneira geral os autores apresentam um quadro bastante nítido sobre ambientes, mentalidades, maneiras de viver de outras épocas pelo que a leitura representa um considerável enriquecimento cultural, promove uma maior aber¬tura de espírito e um alargamento de horizontes.
Para que a leitura de novelas históricas seja cativante, o professor deve assegurar que os alu¬nos compreendem os textos e aderem afectivamente às personagens, às situações, à época tratada.
Quando o contexto levantar obstáculos à compreensão imediata, o professor deverá dar as informações necessárias para que as dúvidas ou a sensação de estranheza desapareçam.

Ler Histórias de Aventura e Mistério na Sala de Aula

As histórias de aventura e mistério obedecem a uma matriz encontrada na primeira metade do século XX e que permanece actual: narrativa ágil, ritmo intenso que se adensa até atin¬gir o clímax, epílogo serenante, personagens principais da idade dos leitores, opositores de características nítidas, descrições sucintas, diálogos frequentes; narrador omnisciente, enigmas para desvendar, pistas que permitem ao leitor antecipar o desfecho, final feliz.
Este tipo de histórias tem-se revelado uma peça chave na aquisição do gosto pela literatura entre as crianças de todo o mundo em parte devido à cumplicidade que o escritor propõe aos seus leitores, mas também porque suscita sentimentos de pertença a um grupo coeso e bem sucedido. Além disso, a manutenção do suspense não deixa esmorecer o interesse pelo enredo e a lógica interna da narrativa torna-a particularmente sedutora para quem se encontra numa etapa crucial do desenvolvimento do raciocínio.
É frequentes os autores de livros de aventura e mistério não escreverem livros isolados mas colecções, o que permite ao leitor reencontrar os seus heróis, envolver-se afectiva¬mente, sentir o prazer de ler e o desejo de ler mais.
O entusiasmo por uma determinada colecção representa muitas vezes uma etapa impor¬tante na aquisição de bons hábitos que vão assegurar persistência no interesse por livros e amor à leitura para o resto da vida.
Embora estas histórias sejam habitualmente bem sucedidas, é desejável que o professor verifique se os títulos que deseja ler na aula não foram já lidos ou trabalhados em anos anteriores para evitar repetições. Convém também verificar se de facto aderem às perso¬nagens e ao enredo.

Sugestões de actividades

Têm-se utilizado com sucesso vários tipos de estratégias, para apoiar a leitura e para assegurar melhor compreensão e aprofundamento dos vários tipos de histórias lidas na sala de aula:
◗ Treino de reconto oral.
◗ Treino de reconto escrito.
◗ Treino de reconto resumo.
◗ Leitura por capítulos, seguida de preenchimento de fichas que orientem a compreen¬são do texto.
◗ Identificação das personagens principais e secundárias.
◗ Caracterização física e psicológica das personagens.
◗ Identificação do contexto/contextos em que decorre a acção.
◗ Caracterização de locais e ambientes em que decorre a acção.
◗ Identificação dos momentos chave na sequência narrativa.
◗ Identificação de etapas nucleares de cada capítulo.
◗ Atribuição de títulos alternativos aos capítulos.
◗ Elaboração de finais alternativos.
◗ Identificação de mensagem/ ou mensagens que o autor quis veicular.
◗ Ilustração das cenas preferidas.
◗ Dramatização de cenas eleitas.
◗ Trabalhos multidisciplinares envolvendo outras áreas (História, Expressão Plástica, EVT, Música, etc.).
◗ Trabalhos de pesquisa centrados em personagens, ambientes, factos, etc. sugeridos pelo livro.

A Poesia na Sala de Aula

A poesia é um meio privilegiado para despertar o amor pela língua materna. A rima, o ritmo, a sonoridade, permitem uma descoberta progressiva dos cambiantes, da riqueza, das potencialidades da linguagem escrita. Essa descoberta, tão decisiva para a formação do indivíduo, adquire assim um carácter lúdico. Brincar com os sons, descobrir novas res¬sonâncias, ouvir e ler pequenas histórias em verso, memorizar os poemas preferidos, des¬vendar imagens e sentimentos contidos na palavra, são actividades de adesão imediata que podem e devem ser introduzidas no universo infantil antes da alfabetização, pois consti-tuem uma excelente forma de preparação para aprendizagem da leitura e da escrita.
As possibilidades de abordagem são múltiplas e variadas. Naturalmente os processos de sensibilização variam de acordo com a idade das crianças, os conhecimentos, o nível de ensino. Cabe ao educador ou ao professor encontrar a forma mais adequada e atraente para estabelecer o contacto com a expressão poética, dando livre curso à sua intuição pedagógica e criatividade.
É importante que as crianças possam ter acesso directo ao livro sempre que o desejarem. Assim poderão ler ao sabor do seu ritmo próprio, das suas preferências, e estabelecer um contacto pessoal com a poesia.
A escola é o único espaço onde a maioria das crianças terá oportunidade de contactar com a poesia, pelo que o seu papel não deve ser minimizado. Naturalmente, sempre que o professor verifique que as crianças foram já sensibilizadas para a poesia, deve procurar ampliar essa experiência.

A selecção de poemas

No jardim-de-infância e na primeira fase do 1.º ciclo do ensino básico, é o adulto que selecciona os poemas a serem trabalhados na aula. Nos níveis seguintes será desejável associar os alunos à escolha. Em qualquer dos casos, devem ser consideradas duas vertentes:
◗ As características do grupo (interesses, desenvolvimento, ritmo de aprendizagem, conhecimentos, etc.);
◗ As preferências e sensibilidade do próprio educador, pois dificilmente se transmite apreço por aquilo que não se aprecia.
A aprendizagem resulta em boa parte da empatia que se estabelece entre o adulto e a criança, nomeadamente quando se pretende fomentar um gosto (pela poesia, pela literatura, etc.) ou despertar para valores estéticos.
Actividades preparatórias
A simples leitura de um poema, feita pelo professor ou pelos alunos, pode resultar extre¬mamente motivante, se for feita com a entoação adequada, com empenhamento, com alegria. Há no entanto poemas que pela sua complexidade exigem um trabalho prepara¬tório se se pretende, além do encantamento, levar as crianças à compreensão do conteúdo ou aprofundar qualquer tipo de análise.
Este trabalho preparatório poderá incluir, conforme os casos:
◗ Um enquadramento histórico;
◗ Um enquadramento geográfico;
◗ Esclarecimentos sobre o tema e o vocabulário;
◗ Informações a respeito do autor e da sua época.

Enquadramento histórico

Há poemas que não adquirem significado pleno a menos que o leitor disponha de conhe¬cimentos acerca dos dados históricos subjacentes ao conteúdo. Um bom exemplo são os poemas de Camões e de Fernando Pessoa sobre o Gigante Adamastor/ Mostrengo. Não se aconselha, como é evidente, uma longa e exaustiva lição de História antes da leitura dos poemas. O procedimento correcto será fornecer, de forma sucinta e sugestiva, alguns ele¬mentos que sirvam de referência e permitam ao aluno perceber do que lhes fala o poeta.

A leitura

O professor deve introduzir o poema lendo-o de forma clara, bem ritmada e bem silabada tendo em atenção a métrica. Pode também convidar uma pessoa de fora, como por exemplo, um actor. Pode chamar a atenção para a beleza própria dos diversos tipos de sotaque da língua portuguesa.
São muitas e diversas as possibilidades de leitura de poemas na sala de aula:
◗ Leitura feita pelo professor;
◗ Leitura feita pelos alunos individualmente ou a pares após uma preparação livre;
◗ Leitura feita pelos alunos individualmente ou a pares, segundo modelos fornecidos pelo professor;
◗ Leitura dialogada;
◗ Leitura em coro;
◗ Jograis.

Sugestões de actividades

O professor deve procurar que as actividades centradas em poemas assumam um carácter lúdico, no caso dos mais novos, e um certo encantamento, no caso dos mais velhos.
◗ Memorização / récita
Todas as modalidades de leitura se aplicam à récita de poemas memorizados. Estas acti¬vidades nunca devem ser impostas como uma obrigação penosa. Pelo contrário, devem ser apresentadas como momentos de alegre diversão, tendo em conta as características dos alunos (alunos tímidos, com dificuldade de dicção, etc., não devem ser forçados a participar).
◗ Dramatização / canções
Quando os poemas se prestam para a dramatização o professor pode optar por duas moda¬lidades:
◗ Deixar que os alunos escolham quais os papéis que querem representar, encontrem por si a expressão corporal e a entoação adequadas, concebam livremente a encenação;
◗ Fazer propostas, dar sugestões, podendo inclusivamente encaminhar grupos dife¬rentes para apresentações diferentes do mesmo poema.
Se as dramatizações forem complementadas com a elaboração de adereços, peças de ves¬tuário, cenários, selecção de músicas de fundo, etc., a adesão será maior, a actividade mais agradável e formativa.
Há poemas que estão musicados, sendo possível encontrar gravações e ouvi-las na aula. Outros ajustam-se a músicas conhecidas e podem ser cantadas com o professor, pelos alunos em coro, pelos alunos individualmente.

O Texto Dramático na Sala de Aula

O texto dramático promove o contacto com uma forma de expressão escrita que os alunos encontram menos frequentemente, que dificilmente os atrai para a leitura autónoma, mas que afinal se torna muito apelativo quando lido na aula pelo facto de reproduzir o discurso oral.
A escolha de uma peça para trabalho na sala de aula exige no entanto que o professor além de ter em conta o tema – mais ou menos adequado aos seus alunos - considere também a extensão, pois a ausência de narrador torna mais difícil a apropriação da história por parte de leitores menos experientes.
Não deve o professor alimentar a expectativa de que a maioria dos alunos lerá partes da peça em casa pois o mais certo é não o fazerem.

Sugestões de actividades

◗ O professor deve começar por apresentar o livro informando os alunos sobre o assunto central da peça.
◗ Se considerar útil pode fazer uma lista das personagens e solicitar voluntários para a leitura rotativa.
◗ Pode sugerir variados tipos de interpretação (mais neutra, mais enfática, cantada, etc.).
◗ Se for oportuno, a peça pode ser trabalhada também com a colaboração de outras áreas e representada para a escola, para os pais, para a comunidade, ou na presença do autor da peça, caso tenha sido convidado.

Os Livros Informativos na Sala de Aula

A leitura orientada de livros informativos na sala de aula é uma das bases essenciais de toda a aprendizagem escolar. Suscita a aquisição de conhecimentos novos, prepara os alunos para estudarem com autonomia, recorrendo a diferentes tipos de textos e estimula o desen¬volvimento de competências cognitivas.

Actividades a realizar com livros informativos

◗ Introduzir os temas
Antes de se iniciar a leitura, é útil fazer uma introdução para verificar se os alunos já têm alguns conhecimentos sobre o assunto a estudar ou para dar oportunidade que os adqui¬ram e assim possam formar uma ideia geral, a partir da qual poderão formular as suas próprias questões e sentir necessidade da informação.
Ao introduzir cada tema o professor poderá optar por vários tipos de estratégias:
◗ Dialogar, convidando os alunos a apresentarem o que já sabem e a manifestarem o seu interesse (ou desinteresse).
◗ Explicar e apresentar os assuntos essenciais e as ideias – chave.
◗ Apresentar os livros convidando os alunos a pôr hipóteses sobre o conteúdo.
◗ Introduzir vocabulário novo, que possa ser útil ou estimulante.
◗ Relacionar o assunto com conhecimentos que já possuam.
◗ Suscitar a apresentação de dúvidas, e de problemas que lhes interesse desvendar.
◗ Organizar os problemas em questões e sub-questões para que se habituem a estru¬turar a pesquisa usando a lógica.

Tipos de fichas a utilizar nas actividades de leitura orientada

◗ Para interpretação do texto
◗ Para interpretação do texto e funcionamento da Língua
◗ Para adaptação da história (em cenas) a peça de teatro
◗ Para caracterização das personagens
◗ Para interpretação do texto e treino de leitura em voz alta
◗ Para auto-correcção
◗ Para todos os capítulos
◗ Para os capítulos lidos na aula
◗ Para desenhar e colorir
◗ Para recolha de informação/treino de trabalho de pesquisa
◗ Para treino de resumo
◗ Para treino de reconto
◗ Para treino de crítica literária
◗ Para treino de composição
◗ Para registo de observação da capa, da lombada e da contracapa
◗ Palavras-cruzadas
◗ Para recolha de opiniões
◗ Para organização de concursos
◗ Para realização de jogos
◗ Para concursos, sabatinas de leitura
◗ Para trabalho de grupo em turmas muito heterogéneas
◗ Para preparação de encontros com escritores ou ilustradores

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

3ª SESSÃO TEMÁTICA A2 - O ENSINO DA LEITURA

Sumário
-Introdução aos Novos Programas de Português do Ensino Básico: enquadramento, fundamentos, conceitos - chaves, opções programáticas e resultados esperados; organização programática do 1º Ciclo.
- Descritores de desempenho e conteúdos dos novos Programas relacionados com a leitura.
-O ensino da leitura. A leitura em sala de aula e na biblioteca.
- Actividades de animação da leitura e a relação com o Plano Nacional de Leitura.
- A avaliação da leitura.
-Planificação de actividades em grupo.

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

VELHOS PROBLEMAS, NOVOS DESAFIOS

Em geral, todos concordam sobre a importância da leitura, sobre a necessidade de que crianças e jovens desenvolvam o hábito de ler e sobre o papel da escola em formar leitores competentes.

A leitura deve ser praticada como actividade prazerosa e significativa desde o início do processo de letramento [verdadeiro lugar comum].
A leitura não deve jamais ser vista apenas como descodificação, mas como um processo interactivo de co-produção de sentidos.
A leitura deve ser considerada como actividade constitutiva da vida dos leitores em sentido amplo.
A leitura é uma actividade que merece ter lugar central na prática escolar e assim “ser ensinada por todo professor, qualquer que seja a matéria” (Kleiman e Moraes).

O percurso do aprendiz de leitor

ANTES DO ENSINO DA DECIFRAÇÃO

Promover na criança o desenvolvimento da linguagem oral
Estimular na criança o contacto com material escrito e de escrita
Provocar na criança a descoberta dos princípios gráficos
Desenvolver na criança a consciência fonológica
Promover na criança o prazer da leitura pela voz dos outros

DURANTE O ENSINO DA DECIFRAÇÃO

Decifração:Identificação de palavras escritas
Conversão de padrões visuais (letras/conjunto de letras) em padrões fonológicos (sons da língua) Estratégias de aprendizagem da decifração:
Via lexical (global e rápida)
Via correspondência som/grafema (sub-lexical)

Estratégias de ensino:

Treino fonológico+ leitura
Ensino explícito da correspondência som/letra
Reconhecimento global + leitura
Estratégias de automatização
Estratégias de antecipação/ chaves contextuais(Leitura de palavras em contexto)
Explicitação da relação entre consciência fonémica e capacidade para ler palavras
Reconhecimento automático de padrões, indutores de regra
Nunca separar as actividades de decifração do verdadeiro sentido da leitura:
Compreender com gosto um texto

Ensino da compreensão de textos

Ler é compreender, obter informação, aceder ao significado do texto
Ensinar a compreender é ensinar explicitamente estratégias para abordar um texto (antes da leitura, durante a leitura e depois da leitura)

Objectivos do ensino da compreensão no final do 1º ciclo:

Apreender o sentido do lido (no todo e nas partes);
Localizar a informação e seguir instruções;
Relacionar a informação obtida com informação antiga;
Compreender inferências;
Descobrir pelo contexto o significado de novas palavras;
Auto-monitorizar a compreensão do lido;
Ler autonomamente obras completas

Estratégias a ensinar -

Antes da leitura:
Estabelecer um objectivo de leitura (e.g.Para que vou ler?...)
Activar conhecimento anterior sobre o tema (e.g. O que sei sobre isto?)
Antecipar conteúdos com base no título e gravuras (e.g O que é que esta gravura me faz lembrar?...)
Filtrar o texto para encontrar chaves (Que palavras estão a negrito ou sublinhadas? ..)

Durante a leitura :

Prestar deliberadamente atenção ao que se lê
Usar chaves contextuais sobre o texto (e.g. É uma história? Um poema?...
Ajustar a velocidade de leitura consoante a dificuldade do texto
Ler de novo cada parágrafo e procurar a informação nova (e.g O que diz aqui de novo?
Adivinhar pelo contexto o significado de palavras desconhecidas
Usar materiais de referência (dicionários, enciclopédias..)
Parafrasear e tomar notas durante a leitura
Criar uma imagem mental (ou mapa mental) do que foi lido
Sintetizar à medida que se avança

Depois de ler :

a)Formular questões sobre o lido e tentar responder
b)Confrontar as previsões do conteúdo com a informação do texto
c)Discutir com os colegas sobre o lido
d)Reler

objectivos específicas consoante o tipo de texto

Por exemplo, Leitura de poesia

Objectivos:

Alimentar o gosto pela sonoridade da língua (rima, ritmo, som das palavras - aliterações e onomatopeias), pelo poder da linguagem (sentido literal, figurativo) e pelo uso da linguagem poética e simbólica

Escolha do poema pelo professor (com humor, nonsense, alusivo a uma data ou tópico, com diálogos...)
Leitura do poema em voz alta pelo professor
Releitura em coro (professor/alunos)
Explicação de palavras desconhecidas
Identificação pelo professor de “pontos chave” (conteúdo, forma)
“Interrogar” o autor sobre o sentido do poema, o uso de repetições ou expressões...
Realização de actividades com base no poema (rimas, paráfrases, sinónimos...reescrita)
Partilha de leitura (partes do poema por crianças diferentes)
Memorização do poema pelas crianças
Recitação
Criação de uma “antologia” pessoal com os poemas preferidos por cada criança

A investigação sobre a eficácia do professor no ensino da leitura refere que deve

Conhecer o processo de desenvolvimento da aprendizagem da leitura e da escrita
Acreditar que todas as crianças podem aprender a ler
Avaliar continuadamente o progresso das crianças na leitura
Conhecer e usar diversas abordagens no ensino da leitura
Proporcionar às crianças materiais e textos variados
Proporcionar ajuda estratégica a cada criança