sábado, 12 de dezembro de 2009

5ª SESSÃO TEMÁTICA - A1

SUMÁRIO

O desenvolvimento da linguagem oral.
A importância do ensino explícito do vocabulário na compreensão da leitura e na produção textual.
A reflexão orientada sobre o conhecimento da língua e os efeitos da consciência linguística na aprendizagem dos usos secundários da língua e na sistematização desse mesmo conhecimento.


O desenvolvimento da Linguagem Oral

A construção da linguagem oral, assim como a construção do conhecimento, resulta de um processo de interacção entre o sujeito, o meio social e o meio físico (ZORZI, 1993).
A linguagem oral é um processo que necessita de um substrato orgânico íntegro, o bom psiquismo do indivíduo e um ambiente social estimulador (ISSLER, 1996).
Para desenvolver a comunicação oral, o sujeito precisa de ter um motivo e uma intenção de comunicar. A partir da intenção comunicativa as palavras são procuradas para representar as ideias, pensamentos e sentimentos. Ao recorrer ao vocabulário existe a necessidade de organizar tais palavras em frases, respeitando os aspectos gramaticais da linguagem (ZORZI, 1998).
A linguagem é explicitada através da fala; sendo a fala a realização motora da linguagem (TANIGUTE, 1998).
Existem algumas teorias que fundamentam os estudos sobre a aquisição da linguagem, no entanto, aqui vamos deter-nos em três correntes que obtiveram destaque (FERNANDES, 1998):
a) A primeira corrente surgiu na primeira metade do século, em 1934, através de Vigotsky. Preconizou que a interacção social e o instrumento linguístico são componentes decisivos para o desenvolvimento cognitivo. Para ele, a fala possibilita o conhecimento do mundo e torna-se essencial para o desenvolvimento cognitivo. Uma criança que pode falar tem maior liberdade e independência.
b) A segunda baseia-se no estruturalismo europeu de 1936, tendo como seu principal representante Jean Piaget. Para ele, mesmo antes da criança ter a linguagem, o cérebro desenvolve actividades cognitivas devido a uma maturação cerebral biológica. O sujeito nasce com uma capacidade inata, isto é, uma potencialidade para aprender. No entanto, ainda, serão necessários estímulos advindos do meio em que a criança está inserida, para que tenha um desenvolvimento adequado, no que se refere ao linguístico e ao cognitivo.
c) A terceira corrente fundamenta-se no inatismo e teve como seu principal representante Noam Choamsky em 1966. Para ele, o sujeito nasce com capacidades inatas e cabe ao meio apenas estimular o potencial linguístico e cognitivo que já existe. Desta forma, uma televisão ou um rádio, já seria o suficiente para o desenvolvimento da linguagem.

As teorias abordadas acima envolvendo os estudos sobre a aquisição da linguagem continuam a ser estudadas e discutidas pelos cientistas da área.

A Estimulação da Linguagem Oral

Ao abordar sobre a linguagem, KLAUSMEIER (1977) ressaltou que, desde os primeiros meses de vida, a criança já começa a discriminar e compreender a fala das pessoas que estão interagindo com ela. Prestam atenção na sua própria linguagem e na linguagem do outro, percebem o ritmo, as rimas, gostam de adivinhas e de brincar com os sons das palavras.
No que se refere à construção da linguagem oral, as crianças com Síndrome de Down apresentam maior dificuldade quando comparadas a crianças normais. Os estudos realizados por HORSTMEIER (1995) e BENATTI et. al. (“sem data”), no qual, verificaram que a frequência de perdas auditivas, alteração de mobilidade e tonicidade da língua e lábios são ocorrências frequentes e significativas no desenvolvimento da criança e consequentemente na construção da linguagem oral. A expectativa do meio com relação à comunicação da criança, ou seja, a maneira como é tratada terá papel preponderante na construção e desenvolvimento da linguagem oral.
A deficiência mental é caracterizada por um funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, podendo haver limitações associadas à comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, desempenho na família e comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.
A escola pode incidir positivamente sobre o desenvolvimento da comunicação oral. Oferecendo-lhe um lugar de destaque na aprendizagem escolar e desvinculando a enfática importância atribuída de forma predominante à comunicação escrita. Sendo assim, a linguagem oral deve ser estimulada como um meio para transmitir o pensamento e para descrever a realidade; formando sujeitos capazes de transmitir informações ao interlocutor em diferentes situações e por diferentes meios como: telefone, narrativa oral e outros. O professor deve estar atento aos mecanismos de aquisição da linguagem da criança, avaliando como ela entende a linguagem que recebe e o que ela quer dizer quando se expressa (DELVAL, 1998).
A habilidade de explorar ludicamente as estruturas sonoras das palavras, o seu significado e padrões de entoação, proporciona à criança maiores possibilidades com o código oral e um melhor desenvolvimento no processo ensino - aprendizagem (ALLIENDE & CONDEMARIN, 1987; PEREIRA, 1997; ZORZI, 1998 e SOLÉ, 1998).
Um estudo realizado por SOUZA & MARGALL (1999) com crianças do ensino fundamental, destacou a importância do trabalho de estimulação da linguagem oral nas escolas, através de actividades lúdicas.
O ritmo, a entoação e a musicalidade das palavras funcionam como reais possibilidades de despertar a criança para a comunicação, proporcionando-lhe sorrisos e gargalhadas, além de garantir o contacto com a oralidade de uma forma lúdica e descontraída (KAUFMAN, 1995).
O contacto natural, prazeroso e contextualizado do aluno com vocábulos diversificados e constituintes do seu universo possibilitam uma gradativa interiorização de conceitos, como, por exemplo, relacionados ao seu corpo, tempo e espaço, além de estimular a coordenação motora, ritmo e socialização (LOPEZ, 1996).
DIAS (2000) considera que a música pode ser um eficiente canal de comunicação entre o sujeito e o mundo. Este momento oferece a possibilidade de trabalhar a linguagem no seu aspecto pragmático, semântico e gramatical. Possibilita buscar o indivíduo, em formas mais evoluídas e diferenciadas de comunicação, mesmo que não seja a fala.
As crianças com dificuldades de aprendizagem podem ser beneficiadas através de actividades envolvendo a música. A manipulação lúdica das palavras contidas na letra da canção, identificar e reconhecer as rimas, as sílabas e os fonemas contribuem para o desenvolvimento da consciência fonológica, o que favorece o processo educativo (BRADLEY & BRYANT, 1991; CAPOVILLA & CAPOVILLA, 2000; STEVAUX, 2003; ALMEIDA & DUARTE, 2003).
Num estudo sobre livros infantis como material para a construção da linguagem, VIOLA (2002) discute sobre a literatura infantil existente no mercado e afirma que os poemas modernos agradam ao público infantil devido à sua proximidade com as canções de embalar, das cantigas populares e folclóricas.

Conclusão

Na estimulação da linguagem oral, a observação e a avaliação são fundamentais para detectar pequenos progressos e compreender os avanços linguísticos do aluno. À medida que avaliamos e conhecemos o perfil do aluno ou do grupo, é possível definir estratégias ricas e variadas, possibilitando com isso uma vivência agradável com as palavras.
Na educação especial, a parceria entre o fonoaudiólogo, o educador e o psicopedagogo é muito importante, pois cada profissional com a sua visão poderá aplicar o seu conhecimento no sentido de ampliar, diversificar e potencializar estratégias utilizando a música.
A criatividade, o direccionamento e a organização das estratégias podem ser importantes potenciadores na construção da linguagem oral.

Websites:
http://www.filologia.org.br/pereira/textos/odesenvolvimento.htm (muito interessante)
http://www.filologia.org.br/ixcnlf/3/03.htm